sábado, junho 12, 2010

DA CIÊNCIA [E SUAS DESCOBERTAS QUE TODO MUNDO JÁ SABE...]

Agora é oficial: a folha do umbu tem o mesmo gosto do umbu. A ciência respondeu.

Todos sempre se perguntaram: "que gosto tem uma folha de umbu?". Nunca se soube[1]. Afinal, ao invés de comer folhas, o caboclo sempre optou por comer o próprio umbu. A fruta ao invés de folha. Essa teimosia resoluta dos nordestinos sempre obstaculizou a certeza da resposta. Após anos de tormentosa indagação, o mistério foi desvendado graças a uma equipe de brilhantes jovens cientistas da UFBA, capitaneadas pelo expoente máximo da farmácia, meu primo, Márcio Faísca.

Para levar a cabo o audacioso projeto foi preciso primeiro estabelecer um método. Uma das possibilidades seria perguntar para uma vaca [ou qualquer herbívoro] qual o gosto da citada folha. Um dos notáveis membros da equipe, porém, objetou que vacas não falam - ao que todos concordaram por unanimidade, constando inclusive em ata essa observação para futuros debates, com toda transparência que as empreitadas públicas exigem.

A equipe não se abateu por essa primeira derrota: a ciência os impelia. Optou-se pelo Plano B: o método empírico. Quando o poderoso cérebro de nossos homens da ciência não consegue emular as respostas pela abstração, a prática dirá.

Para dar cabo de tal empreitada, o intrépido cientista Márcio [meu primo, que conste em ata mais uma vez, para orgulho da família] candidatou-se como voluntário. Foi feito um projeto, aprovado pelas comissões competentes. Conseguiu-se financiamento. Conseguiu-se carimbos e protocolos. Uma lotação com motorista foi posta à disposição para levar a equipe de notáveis - em horário comercial, claro, já que a ciência também sofre com a parcimônia de recursos.

Submetidas a uma jornada de duas horas de viagem - cheia de perigos e buracos e quebra-molas - pelo sertão da Bahia, saindo do planalto da Conquista, chegaram a Contendas do Sincorá. E, após comer umas duas folhas de um umbuzeiro[2], o laureado cientista [meu primo] constatou: a porra da folha do umbuzeiro tem gosto de umbu. Foi o júbilo.

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[1] Em tempo: após a publicação do artigo científico, descobriu-se que algumas pessoas já tinham comido, informalmente, a folha do umbu. Tal constatação contraria a lógica. A árvore do umbuzeiro usa as folhas para captar energia do sol, através da clorofila. Para proteger a folha, bolou admirável estratagema: criou o fruto do umbu. Assim, pode repassar energia aos animais protegendo suas folhas. Não contava, porém, com a recalcitrância dos outros seres que, ao invés de comer o fruto, acabam comendo as folhas. Acredito que no futuro, a seleção natural irá cuidar de criar umbuzeiros com manual de instrução, explicando que se ela dá umbu, é para comer o umbu e não as folhas...

[2] Umbuzeiro é a árvore que dá umbu. Há projeto de lei da prefeitura propondo o tombamento da umbuzeiro que serviu de teste para a incrível descoberta.

segunda-feira, maio 31, 2010

O TERROR DAS ONDAS ELETROMAGNÉTICAS


"o General Jack D. Ripper (referência a Jack, o Estripador) é um homem paranóico. Ele acredita em uma conspiração comunista que visa a adição de flúor às águas americanas. Por isso, ele toma extremo cuidado com o que bebe, a fim de preservar seus `preciosos fluidos corporais`. Cada vez mais perturbado, o sujeito ordena um ataque nuclear à União Soviética - ataque este que só pode ser cancelado usando-se um determinado código que só o próprio General conhece." - Pablo Villaça, 1998.

"A ignorância é sublime" - Cypher, Matrix

Não consigo dormir direito. Vivo angustiado. Aflito. Roendo as unhas. O motivo: as ondas eletromagnéticas. Vi um documentário na televisão. Estamos inundados dessa terrível força. A todo momento bombardeados. Ela está nos controles remotos, está nas rádios, nos celulares. Está no sol!

Raios-X, raios-gama, raios-ultravioleta, tem para todos os gostos. Que males elas farão a nós? Quais as terríveis consequências dessa exposição? Sim, sabemos qual o efeito que a radiação da explosão de uma bomba atômica provoca: viramos o homem-radioativo. Mais fortes, mais rápidos[1]. Expandindo o espectro, os raios gama fazem você ficar verde e gigante quando estiver com raiva[2].

Mas eles também podem fazer mal. Eu tenho um primo que ficou meio retardado por ter usado muito o microondas para esquentar comida [malditas microondas!]. E as notas baixas do Enem? Sempre usamos a má-qualidade do ensino como bode expiatório, mas agora sabemos que podem ser as ondas eletromagnéticas emitidas pelo celular as verdadeiras responsáveis.

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[1] Os Simpsons: episódio do homem-radioativo.
[2] O Hulk. Criado a partir da explosão de uma bomba gama.



domingo, maio 30, 2010

REPELENTE OU TÔNICO PARA MURIÇOCA?

Comprei um repelente da Bombril. Que decepção. Ele é tão ineficiente que, além de não matar, acho que funciona como tônico para muriçoca. Sério, fora de brincadeira. Mais barato, comprei.

Perdi dinheiro. Com ele eu tenho que dar várias baforadas para espantar os mosquitos. Pior, percebi que eles estavam ficando até mais fortinhos, corados. Acho que teve até uma muriçoca que viciou no produto. Toda noite ela aparece para tomar um pouco do spray...

Ah, eu devia ter ouvido minha vó: para matar baratas e insetos, e até gente, use Baygon. Ele é a bazuca dos repelentes. É como se você fosse matar mosquitos com lança-mísseis. Você sente que o bicho funciona. Quando dá uma baforada, a muriçoca cai na hora. As plantas do quarto murcham. O bicho é tão forte, que você sente que perdeu 03 anos de sua vida ao inalar. Imagine o que ele não faz com uma muriçoca...

quinta-feira, maio 27, 2010

DO TRÂNSITO [e outras coisas mais...]

Eu. Sujeito de pouca fé. Pelo menos, me sinto assim quando estou no trânsito. As vezes sou descrente em certos milagres.

O cidadão vem voando, no chão - e nunca se viu uma metáfora caber tanto. 100, 120, 150 km por hora. As leis do trânsito não significam nada para ele - afinal, há limites de velocidade. As leis da física não significam nada para ele - afinal, há limites para a velocidade da luz. Sim, ele está voando. E ele simplesmente buzina. Buzina. Como se os carros fossem desaparecer magicamente, e ele pudesse continuar a 180 por hora. Como se fosse a buzina do Chapolim* [a corneta paralisadora]. Ele buzina, e tudo para. Ah, eu preciso ter mais fé.


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Para aprender a dirigir, é preciso desaprender. Desaprender o significado das coisas. Ou melhor, reaprender. É como aprender a caminhar novamente, só que da maneira inversa. Entendeu? Não? Nem eu, ainda - pelo menos não completamente. Mas eu tento explicar.

Na prática, você precisa reaprender que:

  • Sinal amarelo = "vai que dá. Acelera!"
  • Sinal vermelho = sinal verde
  • Faixa de pedestres = + 1.000 de bônus se acertar o pedestre
  • Pisca-pisca = ao invés de indicar para onde se vai dobrar, significa "ei, você viu que eu dobrei a curva?"
  • 80 km/h = velocidade máxima permitida 180 km/h
  • Proibido ultrapassar = "ultrapasse!"
  • PARE = "tá esperando o que?"

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- Chapolim e a corneta paralisadora
- Pica-pau biruta: o rachador
- Pateta: o rei do volante [eu conheço gente que fica assim...]

quarta-feira, setembro 30, 2009

MANUAL DO TWITTEIRO (por Túlio Gúlio)

Finalmente! Acaba de ser lançado pela Editora Gambu Publications o livro MANUAL DO TWITTEIRO (ou a história que vivi), do autor Túlio Gúlio. Repleto de dicas e conselhos, o livro serve tanto para iniciantes quanto para usuários para experientes.

Conhecido como "o maior twitteiro do Brasil", o autor usa toda sua maturidade intelectual para passar sua experiência profissional nessa nova mídia social, numa emocionante lição de vida.

Além de muitas informações, traz uma seleção das melhores "twittadas" de Túlio Gúlio, aquelas que fizeram o maior sucesso, tais quais: "tem gente que se esquece do futuro", "queria ser uma taturana para voar na flor", "as pessoas não querem mais amar por causa do dinheiro".


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Ficha Completa:

1ª Edição, 2009
Túlio Gúlio Editora Gambu Publications
Preço: R$ 154, 25

Para segui-lo no twitter: http://twitter.com/marcostrp

domingo, setembro 27, 2009

TEORIA DA CRIAÇÃO ESPONTÂNEA DA VIDA (texto II - da criação das coisas)


A ciência pode comemorar: anuncio que estamos perto de criar vida espontaneamente.

O projeto vem sendo conduzido com algum sucesso no meu apartamento, e conta com a coloboração de toda a equipe: eu, meu irmão e João Bahia.
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A experiência é simples: recriamos a sopa primordial, onde se acredita que tenha surgido a vida na terra.
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Para isso, deixamos durante seis meses a pia sem esvaziar - a maldita boca só esvazia a água se alguém ficar segurando. Continuando, jogamos todo tipo de detrito e restos de comida e material orgânico - já vi até caroço de azeitona lá, e outras coisas que o coração humano não deveria ser obrigado a conhecer, coisas que deveriam ficar ocultas nas sombras.

Acredito que estamos chegando perto. A "sopa primordial" já faz até um barulho esquisito. Talvez tenhamos conseguido criar vida em laboratório, na cozinha!

terça-feira, setembro 15, 2009

TEORIA DO DESAPARECIMENTO INSTANTÂNEO DAS COISAS


Meu irmão tem uma teoria particulamente curiosa: ele acredita no desaparecimento espontâneo das coisas. Uma propriedade física existente na matéria. Como se as coisas simplesmente sumissem.

Dotado de um arguto espírito científico, ele resolveu por em prática sua teoria. Deixou por dois meses os restos de comida numa panela (acho que um pedaço de palmito - depois de um tempo não era mais possível identificar), sem lavar. Como se alguém fosse fazer isso. Uns diriam que é imundíce, descaso. Hoje, acho que é preço da ciência.

Pois bem, dia após dia o palmito ficou ali em cima da pia.

No começo eu não dei muita bola. Fiquei indignado. "Tolice!". "Bobagem!". "As coisas não desaparecem". Mas tamanha era a convicção do meu irmão de que a panela suja simplesmente ficaria ali até sumir, que isso foi me contaminando. Me peguei olhando para ver se isso era possível. Meio que escondido, meio cabreiro. Dia a dia. E essa crença me arrebatou. Como num filme do Shyamalan, comecei a acreditar que realmente desapareceria!

E não é que um dia sumiu?!

Óbvio, a seriedade do experimento foi comprometida. Não temos provas convincentes, pois não vimos desaparecer. E essa parece ser outra propriedade das coisas que somem: elas nunca somem quando estamos olhando.