quinta-feira, maio 14, 2009

A GUERRA DAS LAGOSTAS (O Hiato entre Nós)
“Vivi muito no meio das pessoas grandes. (...) Quando encontrava uma que me parecia um pouco lúcida, fazia com ela a experiência do meu desenho número 1, que sempre conservei comigo. Eu queria saber se ela era verdadeiramente compreensiva. Mas respondia sempre: "É um chapéu". Então eu não lhe falava nem de jibóias, nem de florestas virgens, nem de estrelas. Punha-me ao seu alcance. Falava-lhe de bridge, de golfe, de política, de gravatas. E a pessoa grande ficava encantada de conhecer um homem tão razoável.” – O narrador, O Pequeno Príncipe

Eu nunca soube o que as pessoas conversam entre si. Sempre que encontro alguém na rua, no ônibus, na fila do pão, eu não sei sobre o que falar. O que interessa a ela? A mim, eu sei. Me preocupam as guerras de lagostas, as tartarugas ninja mutantes [porque elas usam máscaras?], como é feito o leite em pó, essas coisas. Mas quando falo das coisas que me interessam, fatalmente sou chamado de maluco ou idiota. Então eu passo a falar trivialidades, inutilidades do mundo moderno, com ar de gravidade, dando alguma importância. Reclamo do tempo, do ônibus que se atrasou, pergunto se vai ter prova amanhã, E, engraçado, aí a pessoa passa a me achar um cara sério, inteligente – “esse tem conteúdo”. Pura idiotice.
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Não me importo com os políticos, com a prova do professor. Não me preocupo com a cor do cabelo dela, e nem com quem ela anda fudendo. Acredito que não haja muitos casos de pessoas que morreram por causa de uma nota baixa ou de uma chapinha mal-feita – ainda que tenha acontecido, nesse mundo se vê cada coisa.E me ponho a acender velas e incenso para perfumar.
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Eu ainda te espero chegar...

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