TEORIA DO DESAPARECIMENTO INSTANTÂNEO DAS COISAS
Meu irmão tem uma teoria particulamente curiosa: ele acredita no desaparecimento espontâneo das coisas. Uma propriedade física existente na matéria. Como se as coisas simplesmente sumissem.
Dotado de um arguto espírito científico, ele resolveu por em prática sua teoria. Deixou por dois meses os restos de comida numa panela (acho que um pedaço de palmito - depois de um tempo não era mais possível identificar), sem lavar. Como se alguém fosse fazer isso. Uns diriam que é imundíce, descaso. Hoje, acho que é preço da ciência.
Pois bem, dia após dia o palmito ficou ali em cima da pia.
Dotado de um arguto espírito científico, ele resolveu por em prática sua teoria. Deixou por dois meses os restos de comida numa panela (acho que um pedaço de palmito - depois de um tempo não era mais possível identificar), sem lavar. Como se alguém fosse fazer isso. Uns diriam que é imundíce, descaso. Hoje, acho que é preço da ciência.
Pois bem, dia após dia o palmito ficou ali em cima da pia.
No começo eu não dei muita bola. Fiquei indignado. "Tolice!". "Bobagem!". "As coisas não desaparecem". Mas tamanha era a convicção do meu irmão de que a panela suja simplesmente ficaria ali até sumir, que isso foi me contaminando. Me peguei olhando para ver se isso era possível. Meio que escondido, meio cabreiro. Dia a dia. E essa crença me arrebatou. Como num filme do Shyamalan, comecei a acreditar que realmente desapareceria!
E não é que um dia sumiu?!
E não é que um dia sumiu?!
Óbvio, a seriedade do experimento foi comprometida. Não temos provas convincentes, pois não vimos desaparecer. E essa parece ser outra propriedade das coisas que somem: elas nunca somem quando estamos olhando.